WASHINGTON D.C. — Enquanto ainda era um jovem missionário chegando à Alemanha, Élder David A. Bednar achava que sabia falar o idioma. No entanto, quando perguntou como chegar à estação de trem, não entendeu uma palavra da resposta. Logo ele aprendeu uma importante lição.

“Há ajuda espiritual para fazer coisas que, em sua própria capacidade, você não pode fazer. Não demorou muito para que eu pudesse entender, ensinar e testificar. E o que eu sei [hoje] é que eu não poderia fazer isso sozinho.”

Foi o início de uma lição muito importante para ele. “Com a ajuda que vem de Deus, ao tentarmos honrar os compromissos que fizemos com Ele, somos abençoados com força para fazer todas e quaisquer coisas que Ele quer que façamos.”

Élder Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, compartilhou esta experiência em resposta a uma pergunta final feita pela mídia após um discurso no National Press Club.

Falando para 135 representantes da imprensa na quinta-feira, 26 de maio, o discurso de Élder Bednar marcou a segunda vez que um líder sênior da Igreja se dirigiu a um público deste nível no local. O falecido Presidente Gordon B. Hinckley, na época com 89 anos, se dirigiu a um público semelhante no National Press Club, localizado a um quarteirão da Casa Branca em Washington D.C., há 22 anos, em 2000.

Élder Bednar começou seu discurso condenando a violência em resposta ao tiroteio em massa no Texas no início da semana [passada], que deixou 19 crianças e dois adultos mortos. “Choramos com aqueles que choram e oramos por todos os afetados por este ato de violência sem sentido”, disse ele.

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Após seu discurso, Élder Bednar respondeu a mais de uma dúzia de perguntas sobre questões LGBTQ, as reservas financeiras da Igreja e a ênfase de Presidente Russell M. Nelson em usar o nome completo e correto de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. As perguntas foram enviadas pela imprensa e moderadas pela presidente do National Press Club, Jen Judson, repórter do Defense News.

Élder David A. Bednar, membro do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, discursa no National Press Club em Washington, D.C., na quinta-feira, 26 de maio de 2022.

Crédito: Joshua Roberts, para o Deseret

Abaixo está a maioria das perguntas, editadas para maior clareza, seguidas pelas respostas de Élder Bednar:

Muitos moradores locais visitarão o templo de Washington D.C. antes de sua rededicação. O que o senhor espera que eles tirem dessa experiência?

Élder Bednar disse que espera que as pessoas aprendam o que é o templo, bem como a natureza da jornada espiritual que inclui a adoração no templo. “É um lugar de adoração, é um lugar sagrado, mas também é um lugar de instrução. (…) É um lugar onde vamos para meditar, orar, ponderar, buscar influências celestiais e orientação em nossa vida”, disse ele.

A Igreja teria mais influência na cultura e na política dos E.U.A. … se mantivesse a abertura que está demonstrando agora, ao convidar o público a visitar o templo de D.C.?

“A resposta é sim”, disse Élder Bednar. “É por isso que convidamos todos para vir. Provavelmente parece incomum porque o templo estava em funcionamento, mas isso é um costume.”

Ele disse que sempre que um templo é reformado, o edifício é desativado e uma casa aberta é realizada antes que o templo seja rededicado.

Em relação ao crescimento da Igreja, quais são algumas das razões pelas quais a Igreja está crescendo tanto na África atualmente?

“A África foi influenciada em muitas partes do continente por meio dos primeiros missionários cristãos. Quando você visita uma congregação lá e recita um versículo da Bíblia, todos na congregação podem recitá-lo com você, sem precisarem de ajuda. Há uma tradição cristã muito forte.”

Élder Bednar disse que a mensagem da restauração da Igreja do Salvador toca um acorde ressonante na África. “Eles vêm, veem nossas congregações, participam e desejam fazer parte.”

Élder David A. Bednar, à esquerda, discursa no National Press Club em Washington, D.C., na quinta-feira, 26 de maio de 2022.

Crédito: Joshua Roberts, para o Deseret

A associação e afiliação a organizações religiosas em geral estão em declínio nos Estados Unidos. Em sua opinião, qual o motivo?

“Acredito que vivemos em um mundo tumultuado, onde as pessoas estão procurando por respostas e podem não estar satisfeitas com algumas das respostas que encontram.”

Muitos líderes da Igreja, inclusive o senhor, têm uma profunda experiência na área de administração de negócios. (…) Quais são algumas das vantagens de tanta experiência empresarial nos níveis mais altos da Igreja?

“Tenho me esforçado muito para não deixar minha formação acadêmica influenciar o que faço como Apóstolo do Senhor Jesus Cristo. No Livro de Mórmon, há um versículo que diz ‘quando são instruídos, pensam que são sábios e não dão ouvidos aos conselhos de Deus’. Portanto, não uso minha formação acadêmica e experiência, impondo isso à Igreja. Eu deixo a doutrina de Cristo influenciar como vejo as coisas. No entanto, certamente há vantagens práticas em saber sobre como as organizações funcionam, questões relacionadas a orçamentos e assim por diante. Mas vejo isso realmente como secundário. Tento ver o que fazemos e a missão que cumprimos através das lentes do evangelho de Jesus Cristo.” Embora os líderes não possam deixar sua experiência e educação para trás, “nós deixamos nossas ‘redes’”, acrescentou. “Os antigos apóstolos foram chamados e deixaram o que estavam fazendo. E então eles começaram o trabalho de servir ao Salvador. Isso é o que fazemos. É isso que os membros de nossa Igreja fazem.”

Em 2003, a Igreja denunciou o livro “Sob a bandeira do céu”, de Jon Krakauer. Agora, o livro foi adaptado para a TV e está sendo transmitido no [serviço de streaming] Hulu. O que a Igreja pensa da adaptação do Hulu? E de forma mais geral, como o senhor se sente sobre as representações da Igreja na mídia e na cultura?

“Vou fazer uma pergunta retórica primeiro. Dadas todas as coisas que acabei de descrever [participação de membros na liderança, adoração, treinamento, ministração e serviço], quem tem tempo para assistir a programas [de TV]?”

Élder Bednar continuou explicando que desde seus primeiros dias, a Igreja foi descaracterizada. “Cristo foi descaracterizado. Somos descaracterizados desde 1830, quando a Igreja foi restabelecida. Sempre foi assim. … Mas não gastamos todo o nosso tempo tentando responder a isso. Temos uma missão a cumprir e seguiremos em frente para realizá-la.”

Élder David A. Bednar, membro do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cumprimenta os convidados após discursar no National Press Club em Washington D.C., na quinta-feira, 26 de maio de 2022.

Crédito: Joshua Roberts, para o Deseret

Com mais de US$ 100 bilhões em fundos e ativos, a Igreja tem mais capacidade do que qualquer outra igreja nos E.U.A. para ajudar a eliminar a pobreza. O que mais a Igreja poderia fazer em termos de esforços humanitários?

“As pessoas querem bater [à porta] da Igreja e dizer: ‘Bem, vocês têm todo esse dinheiro em reserva’. Sim, e é uma boa ideia que outras pessoas sigam esse exemplo. (…) Você pode ler no Velho Testamento sobre sete anos de fome e sete anos de fartura. É uma boa ideia se preparar. Esses empreendimentos que descrevi consomem recursos, não geram recursos. E muitas pessoas dependem do recurso que fornecemos. E se as coisas forem diferentes no futuro do que são agora, achamos que é prudente e sábio se preparar para manter esse tipo de apoio em um ambiente econômico incerto.”

O senhor consegue imaginar um dia em que os membros LGBTQ da Igreja possam se casar e ser selados dentro da Igreja?

“Acreditamos que o casamento entre um homem e uma mulher foi ordenado por Deus e que a família é fundamental para o plano do Pai para o destino eterno e a felicidade de seus filhos.”

O senhor mencionou que as mulheres lideram dentro da Igreja de muitas maneiras. Haverá algum dia uma mulher presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias?

“Seguimos o padrão da Igreja antiga. Cremos que um homem deve ser chamado por Deus, por profecia, e pela imposição de mãos, por quem possua autoridade, para pregar o Evangelho e administrar as suas ordenanças. O padrão antigo era que os apóstolos eram homens.”

A Igreja planeja defender publicamente sua posição sobre o aborto?

“Nossa norma atual — e você pode ler on-line em nosso Manual Geral da Igreja — é que acreditamos na vida, afirmamos a santidade da vida e também os meios pelos quais a vida mortal é criada. O manual já destaca o fato de que deve haver consideração em casos de estupro, incesto, a saúde da mãe e a viabilidade do feto.”

Como uma pessoa transgênero seria tratada se já tivesse completado sua transição antes de considerar se tornar um membro da Igreja?

“Nós damos as boas-vindas a todos e nos esforçamos para amá-los. Porém, eu uso a palavra esforçar porque não fazemos isso perfeitamente. As pessoas têm estereótipos, têm ideias erradas, têm julgamentos e têm preconceitos. Nós nos esforçamos para amar a todos.”

Élder David A. Bednar, membro do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cumprimenta os convidados após discursar no National Press Club em Washington D.C., na quinta-feira, 26 de maio de 2022.

Crédito: Joshua Roberts, para o Deseret

Dada a pressão financeira significativa que o dízimo é para aqueles em guerra ou em extrema pobreza, há alguma discussão dentro da Igreja sobre não exigir isso para pessoas nessas situações, ou pelo menos pagar o dízimo apenas do que sobrar depois de pagar por moradia, alimentação e outras necessidades?

“Presidente Hinckley subiu neste púlpito em 2000 e fez referência à lei do dízimo. Lembro-me de vê-lo ensinar em áreas pobres do país e prometer ao povo: o caminho para sair da pobreza é guardar os mandamentos de Deus, incluindo o dízimo. A Igreja não precisa do dinheiro deles, mas essas pessoas precisam das bênçãos que advêm da obediência aos mandamentos de Deus.”

No site da Igreja, diz que a Igreja tem a responsabilidade de articular pública e claramente seu ensinamento oficial. Por sua vez, os repórteres podem ajudar a informar o público relatando com precisão. … Onde os jornalistas estão errando?

“Você sempre perde algo na generalização de um estereótipo. ‘Os santos dos últimos dias são assim ou todos eles fazem isso.’ Acredito que deveria ter um pouco mais de precisão. É preciso ouvir um pouco mais e fazer perguntas. Jamais negaríamos o direito de poder revisar [as informações]. Mas acho que eles poderiam fazer um pouco mais do que apenas pegar a visão de outra pessoa e empurrá-la para frente. Há um pequeno dever de casa que deve ser feito para descobrir o que realmente está acontecendo.”

O senhor poderia falar sobre a decisão de realmente enfatizar o nome completo da Igreja ao invés de chamar a si mesmo de Mórmons ou Igreja SUD?

“Acredito que Presidente Russell M. Nelson será conhecido para sempre como um homem de notável coragem para dizer que não usaremos mais um apelido, pejorativamente ligado à nossa Igreja por nossos inimigos. E estamos convidando outras pessoas a nos chamarem como somos chamados: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Você sabe, vivemos em um mundo onde todo mundo se ofende com quase tudo. E não nos ofendemos. Apenas pedimos às pessoas que respeitem o que para nós é muito sagrado. O nome da Igreja foi revelado. Não tínhamos uma força-tarefa e testamos com grupos específicos. Foi revelado pelo Cabeça da Igreja, que é Jesus Cristo. E estamos simplesmente pedindo às pessoas que respeitem isso e nos chamem [pelo nome] que somos.”

Élder David A. Bednar, membro do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, discursa no National Press Club em Washington, D.C., na quinta-feira, 26 de maio de 2022.

Crédito: Joshua Roberts, para o Deseret