Como a Igreja oferece oportunidades de educação superior para membros em todo o mundo enquanto controla custos
Élder Gilbert, Kevin J. Worthen, presidente da BYU, e John S.K. Kauwe III, presidente da BYU-Havaí, participam de cúpula sobre o futuro das universidades religiosas

A partir da esquerda: Élder Clark G. Gilbert, comissário de educação de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; Peter Kilpatrick, presidente da Universidade Católica; e Eboo Patel, presidente da organização Interfaith America, falam sobre questões levantadas, após fórum sobre futuro das universidades religiosas, nos escritórios do Conselho Americano de Educação em Washington, D.C., na quinta-feira, 12 de janeiro de 2023.
Brian Nicholson, para o Deseret News
Como a Igreja oferece oportunidades de educação superior para membros em todo o mundo enquanto controla custos
Élder Gilbert, Kevin J. Worthen, presidente da BYU, e John S.K. Kauwe III, presidente da BYU-Havaí, participam de cúpula sobre o futuro das universidades religiosas

A partir da esquerda: Élder Clark G. Gilbert, comissário de educação de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; Peter Kilpatrick, presidente da Universidade Católica; e Eboo Patel, presidente da organização Interfaith America, falam sobre questões levantadas, após fórum sobre futuro das universidades religiosas, nos escritórios do Conselho Americano de Educação em Washington, D.C., na quinta-feira, 12 de janeiro de 2023.
Brian Nicholson, para o Deseret News
WASHINGTON, D.C. — As universidades da Igreja estão encontrando maneiras eficazes de fornecerem ensino superior a preços acessíveis para mais estudantes ao redor do mundo, proporcionando, ao mesmo tempo, um impacto social positivo, disseram o comissário de educação da Igreja e os presidentes de duas BYUs esta semana, durante uma cúpula em Washington.
A BYU–Idaho e a BYU–Pathway Worldwide estão agora organizadas de forma a permitirem que cresçam sem adicionarem custos operacionais para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que as patrocina, disse Élder Clark G. Gilbert, comissário do Sistema Educacional da Igreja e Setenta Autoridade Geral.
O crescimento é vital porque a Igreja está tentando oferecer oportunidades de ensino superior para milhares de membros em todo o mundo, enquanto controla custos em uma época em que a inflação está atacando o ensino superior.
O número de matrículas na BYU–Idaho triplicou entre 2000 e 2020, mas os custos operacionais agora estão crescendo abaixo da inflação, devido a inovações projetadas para tornarem a universidade mais acessível, tanto para os estudantes quanto para a Igreja, disse Élder Gilbert, ex-presidente da BYU–Idaho e da BYU–Pathway.
“A mensalidade variável na BYU–Idaho excede os custos variáveis. Portanto, quanto mais a instituição cresce, menores são os custos para administrá-la”, disse ele.
A Igreja já gasta cerca de US$ 1 bilhão por ano para apoiar o ensino superior, disse Élder Gilbert, citando uma declaração [em inglês] feita no ano passado por Élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos.
Élder Gilbert, Kevin J. Worthen, presidente da BYU, e John S.K. Kauwe III, presidente da BYU-Havaí, fizeram apresentações em uma cúpula realizada no dia 12 de janeiro, sobre o futuro das universidades religiosas, participando de painéis com presidentes da Universidade de Notre Dame, Universidade Yeshiva, do Conselho de Faculdades e Universidades Cristãs e outras instituições.
“Todos vocês representam uma parte muito significativa do ensino superior norte-americano, e precisamos descobrir maneiras de aproveitarmos o trabalho que vocês fazem, e torná-lo tão importante no diálogo nacional quanto [seus números refletem]”, disse Ted Mitchell, presidente do Conselho Americano de Educação.
O Conselho Americano de Educação convocou a cúpula em seu edifício em Dupont Circle, a menos de dois km da Casa Branca.

A partir da esquerda: Derrick Andersen, do Conselho Americano de Educação; Kevin J. Worthen, presidente da Universidade Brigham Young; reverendo John Jenkins, presidente da Universidade de Notre Dame; e rabino Ari Berman; presidente da Universidade Yeshiva (na tela), discutem questões durante fórum com foco no futuro das universidades religiosas, nos escritórios do Conselho Americano de Educação, em Washington, D.C., na quinta-feira, 12 de janeiro de 2023.
Brian Nicholson, para o Deseret News
As crenças dos santos dos últimos dias e o ensino superior
Élder Gilbert, presidente Worthen e presidente Kauwe compartilharam fundamentos teológicos santos dos últimos dias, para tornar o ensino superior acessível ao maior número possível de membros da Igreja.
“Nossa crença fundamental é que todos os seres humanos são amados filhos e filhas espirituais de pais celestiais, com natureza e destino divinos. Essa é (uma) crença firme e central de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, disse o presidente Worthen.
“Acreditamos que todas as pessoas na Terra merecem uma chance de magnificarem seus talentos”, disse o presidente Kauwe.
Apesar dessa crença, “a Igreja não tem condições de construir outra BYU em Manila (Filipinas). A Igreja não tem condições de construir outra BYU em Acra (Gana)”, disse Élder Gilbert.
Isso levou a uma busca para inovar e fornecer novos modelos de ensino superior, que beneficiaram positivamente os estudantes da BYU–Idaho e da BYU–Havaí, e resultou no lançamento e implementação global da BYU–Pathway Worldwide, que agora serve cerca de 60.000 estudantes em 180 países.
Por exemplo, o presidente Kauwe explicou como os programas de trabalho da BYU–Havaí tornam a educação universitária acessível para seus estudantes da Oceania e da Ásia, que são os primeiros em suas respectivas famílias a cursarem uma universidade.
A BYU–Havaí oferece um programa de trabalho e estudo chamado IWORK. Os estudantes trabalham 19 horas por semana durante o período letivo, e 40 horas por semana durante os intervalos, e recebem moradia, alimentação, bolsas de estudo e pensão. O programa financia cerca da metade dos 3.000 estudantes da universidade, disse o presidente Kauwe.
O objetivo é expandir o programa IWORK para que dois terços dos estudantes possam ser beneficiados.
Além disso, 800 alunos trabalham no Centro Cultural Polinésio da Igreja, o qual o presidente Kauwe disse ser a atração turística mais visitada e culturalmente autêntica do Havaí.
O presidente Kauwe foi acompanhado no painel por Brad Johnson, presidente da College of the Ozarks, que disse que o programa de trabalho de sua instituição exige que os estudantes trabalhem 15 horas por semana, e cobre as mensalidades de todos os 1.500 alunos, a maioria dos quais não teria condições financeiras de fazer um curso superior.
A College of the Ozarks está alinhada com a Igreja Presbiteriana, e Johnson disse que os empenhos de sua instituição, para oferecer ensino de qualidade a baixo custo, também são motivados pela crença cristã da dignidade humana.
John Jenkins, presidente da Universidade de Notre Dame, disse que esse foi o tema da cúpula, juntamente com o sucesso que as universidades religiosas estão tendo na formação de estudantes e em outros aspectos que estão desafiando muitos setores do ensino superior norte-americano.
“Uma das coisas que me impressionou em várias das apresentações foi a importância de uma missão, que enxergue cada estudante como alguém que possui dignidade individual, e faz com que sua participação alcance o nível de um chamado pessoal, para que possa ser algo que vale a pena”, disse o reverendo Jenkins. “Essa é uma espécie de estrutura teológica, porém uma atitude educacional muito poderosa, como pode ser visto nas taxas de graduação e no excelente trabalho com estudantes de baixa renda. Isso se aplica a nós, e creio que se aplica a estas outras instituições.”

Élder Clark G. Gilbert, comissário de educação de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ao centro, faz comentários como autor e ex-editor do jornal The Chronicle of Higher Education. Jeff Selingo, à esquerda, e Shirley Hoogstra, presidente do Conselho de Faculdades e Universidades Cristãs, participam de fórum com foco no futuro das universidades religiosas, nos escritórios do Conselho Americano de Educação, em Washington, D.C., na quinta-feira, 12 de janeiro de 2023.
Brian Nicholson, para o Deseret News
Iniciação científica
O presidente Worthen participou de um painel com o reverendo Jenkins e o rabino Ari Berman, da Universidade Yeshiva. Ele lhes disse que a crença dos santos dos últimos dias, a respeito da natureza divina dos filhos de Deus, também guia o ensino na BYU em Provo, Utah.
“Agora, esta crença central é que cada um de nossos estudantes tem o potencial de se tornar como Deus, e que parte de nossos procedimentos é ajudá-los a progredirem, o que muda nosso pensamento sobre todo nosso empenho educacional, inclusive a pesquisa acadêmica”, disse o presidente Worthen. A crença no valor dos estudantes resultou na ênfase singular da BYU, em fazer com que o corpo docente inclua trabalhos de iniciação científica com os alunos.
Ele acrescentou que 28,5 centavos de cada dólar em financiamento de pesquisa externa, são usados para custear pesquisas conduzidas por estudantes de graduação.
“Isso é quatro, cinco, ou seis vezes mais do que instituições de alta pesquisa gastam”, disse ele.
O resultado para os estudantes pode ser extraordinário. Por exemplo, a BYU está bem acima de seu nível, se classificando em nono lugar no país no quesito maior número de estudantes de bacharelado que obtêm doutorado.
As outras 49 universidades entre as primeiras 50, são classificadas como instituições R1, o que significa que elas têm atividade de alta pesquisa conduzida principalmente por professores e estudantes de pós-graduação. A BYU é uma instituição R2 com alta atividade de pesquisa.
“Nossas pesquisas requerem alguns tipos de compensações”, disse o presidente Worthen. “O fato é que os estudantes de graduação não são tão eficazes ou eficientes em conduzir pesquisas, quanto os de pós-graduação.”
O resultado é que a BYU conduz menos pesquisas do que faria se fosse classificada como uma instituição R1 mais cara. No entanto, disse ele, essa quantidade de pesquisas é menor por causa da inexperiência dos estudantes, e da necessidade do corpo docente de garantir que a qualidade não diminua e reduza o impacto positivo sobre os alunos.
“Isso requer uma motivação diferente e um outro tipo de corpo docente”, disse o presidente Worthen.

Uma imagem de Derrick Andersen, do Conselho Americano de Educação; Kevin J. Worthen, presidente da Universidade Brigham Young; e reverendo John Jenkins, presidente da Universidade de Notre Dame, é vista pela câmera de Nicole Alcindor, do jornal The Christian Post, durante fórum com foco no futuro das universidades religiosas, nos escritórios do Conselho Americano de Educação, em Washington, D.C., na quinta-feira, 12 de janeiro de 2023.
Brian Nicholson, para o Deseret News
Impacto na sociedade americana
Os participantes da cúpula disseram que esperam que os sucessos compartilhados possam ser replicados, não só por instituições religiosas.
Eles também expressaram apoio às identidades religiosas das respectivas instituições que estavam representando, e ao impacto geral que elas causam na sociedade norte-americana.
Eboo Patel, presidente da organização Interfaith America, discursou para os presidentes das universidades, e disse que sua singularidade é necessária para a sociedade norte-americana, onde comunidades específicas cada vez mais aderem a instituições que servem apenas membros de suas comunidades.
“Não existe diversidade sem singularidade”, disse Patel. “Não existe diversidade sem a sua singularidade.”
Ele os encorajou a exemplificarem a cooperação inter-religiosa.
“Atualmente, os Estados Unidos se encontram em um lugar onde as pessoas têm o seguinte modo de pensar: ‘Para que eu possa ser eu mesmo, preciso eliminá-lo’”, disse Patel. “Mas, a cada dia, vocês provam que existe um caminho diferente.”
Ele também argumentou que o papel desempenhado pelas instituições é subestimado.

A partir da esquerda: Kim Lee, do Conselho Americano de Educação, ouve John S.K. Kauwe III, presidente da Universidade Brigham Young–Havaí, durante fórum com foco no futuro das universidades religiosas, nos escritórios do Conselho Americano de Educação, em Washington, D.C., na quinta-feira, 12 de janeiro de 2023. Brad Johnson, presidente da College of the Ozarks, está à direita.
Brian Nicholson, for the Deseret
“Creio que (esta cúpula) destaca uma dimensão da democracia norte-americana que muitas pessoas não valorizam, a qual é que as instituições fundadas por comunidades religiosas específicas servem pessoas de todas as comunidades religiosas de alguma forma”, disse Patel. “Não podemos ter uma democracia diversificada, a menos que tenhamos instituições cívicas que sejam capazes de expressar uma identidade específica, e construir relacionamentos positivos em diversas comunidades.”
Como um grupo, as faculdades e universidades religiosas tendem a ter taxas de graduação mais altas, e obtiveram sucesso na redução dos custos das mensalidades.
Em média, os estudantes pagam 25% menos pelas mensalidades nas 185 instituições do Conselho de Faculdades e Universidades Cristãs, disse Shirley Hoogstra, presidente do conselho.
Eles também encontram significado, disse o rabino Berman.
“Eu diria que a crise da nossa geração é uma crise de significado”, disse ele. “Nossos alunos estão buscando significado, e não temos isso com frequência em uma sociedade (mais ampla), onde muitos viraram as costas para estas gerações de tradição.”
Peter Kilpatrick, presidente da Universidade Católica da América em Washington, D.C., disse que os estudantes podem encontrar significado e propósito no serviço religioso. Os estudantes de sua universidade que não participam dos ministérios do campus, se formam com índices de sete a oito pontos abaixo da média da instituição.
“Os estudantes que participam de cinco ou mais de nossas atividades no campus, se formam, ou continuam a estudar, com um índice de 15 pontos a mais”, disse ele, “e 92% de nossos alunos prosseguem em seus estudos, quando se envolvem (em ministérios).”