Menu
NAS NOTÍCIAS

Por que há a necessidade de se ter fé no local de trabalho?

Especialista em pluralismo religioso nas empresas fala sobre como viver a religião no ambiente de trabalho

Paul Lambert, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e especialista em crença e fé no local de trabalho, fala durante uma palestra do BYU Wheatley Institute no Edifício N. Eldon Tanner, no campus da universidade em Provo, Utah, em 13 de abril de 2023.

Paul Lambert, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e especialista em crença e fé no local de trabalho, fala durante uma palestra do BYU Wheatley Institute no Edifício N. Eldon Tanner, no campus da universidade em Provo, Utah, em 13 de abril de 2023.

Tanner Guisinger, BYU


Por que há a necessidade de se ter fé no local de trabalho?

Especialista em pluralismo religioso nas empresas fala sobre como viver a religião no ambiente de trabalho

Paul Lambert, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e especialista em crença e fé no local de trabalho, fala durante uma palestra do BYU Wheatley Institute no Edifício N. Eldon Tanner, no campus da universidade em Provo, Utah, em 13 de abril de 2023.

Paul Lambert, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e especialista em crença e fé no local de trabalho, fala durante uma palestra do BYU Wheatley Institute no Edifício N. Eldon Tanner, no campus da universidade em Provo, Utah, em 13 de abril de 2023.

Tanner Guisinger, BYU

PROVO, Utah — Vários anos atrás, Paul Lambert, um santo dos últimos dias, estava em uma reunião de negócios com dois colegas, um cristão evangélico e um católico.

O católico compartilhou que seu pai estava em uma situação de saúde difícil, e o colega evangélico pediu para pausar a reunião para orar por ele.

Os três, no passado, foram abertos a respeito de suas crenças. Eles discordavam em algumas doutrinas, mas sabiam que sua fé era importante para eles.

O colega evangélico fez uma oração e a reunião continuou.

Hoje, Lambert é especialista em pluralismo religioso no ambiente de trabalho, e o ex-aluno da BYU presta consultoria para empresas e agências governamentais, incluindo empresas da Fortune 500, como Google, American Express, American Airlines e Dell,  sobre religião e acomodação de crenças.

Como palestrante durante um evento patrocinado pela Marriott School of Business [Faculdade de Administração de Empresas Marriott] da Universidade Brigham Young e pelo Wheatley Institute na quinta-feira, 13 de abril, Lambert compartilhou a experiência acima como um exemplo do enriquecimento que pode ocorrer quando os indivíduos têm espaço e um ambiente para serem eles mesmos com autenticidade, incluindo sua fé, no ambiente de trabalho.

Ao abordar os futuros profissionais da BYU reunidos no Edifício N. Eldon Tanner, no campus de Provo, Utah, Lambert discutiu por que as acomodações religiosas devem ser importantes, para indivíduos e empresas, e o que os indivíduos podem fazer para contribuírem em seus futuros locais de trabalho.

Por que é importante para os indivíduos?

Para começar suas observações, Lambert mostrou a visão, declaração de missão e valores centrais da Marriott School of Business da BYU, que giram em torno da fé em Jesus Cristo.

Essa é provavelmente uma das razões pelas o público presente escolheu a BYU, observou Lambert. “Mas alguns de vocês podem estar se perguntando: como fica minha religião quando entro no mundo dos negócios? Como fica minha fé no local de trabalho ou é algo que preciso deixar na porta?”

Lambert começou e terminou suas observações com o que chamou de declaração de sua tese: “O melhor profissional que você pode ser é sendo o melhor discípulo de Cristo possível.”

A religião, ou fé, é uma lente através da qual os indivíduos veem o mundo e uma parte importante de quem eles são. “Nossa fé não é compartimentada, ou certamente não deveria ser”, disse Lambert. “A fé não é apenas para a Igreja, não é apenas para o lar, não é apenas para a BYU. É por tudo que você faz.”

Os indivíduos só estarão preparados para contribuírem totalmente no local de trabalho quando puderem trazer a totalidade de quem são, incluindo fé e crença, para seu ambiente profissional, disse Lambert. “Esse mesmo princípio vale para o seu colega muçulmano. O melhor profissional que eles podem ser é sendo o melhor muçulmano possível. Ou para seus colegas judeus, etc., etc., etc.”

Paul Lambert, especialista em fé e crença no local de trabalho, fala durante uma palestra do BYU Wheatley Institute, no campus da universidade em Provo, Utah, em 13 de abril de 2023.

Paul Lambert, especialista em fé e crença no local de trabalho, fala durante uma palestra do BYU Wheatley Institute, no campus da universidade em Provo, Utah, em 13 de abril de 2023.

Tanner Guisinger, BYU

Por que deveria ser importante para as empresas?

Embora a religião e a afiliação religiosa tenham mostrado algum declínio nos Estados Unidos e em partes da Europa Ocidental, globalmente, o oposto é verdadeiro, disse Lambert. Nove dos 10 países com economias de crescimento mais rápido nos últimos seis anos são países com uma maioria religiosa.

Portanto, se uma empresa está pensando em uma estratégia de mercado global, ou no melhor retorno sobre o investimento, ou onde estão os mercados emergentes, ela precisa entender que grande parte do talento e muitos de seus clientes são de mercados religiosos.

“Eles veem o mundo através de lentes religiosas e diversas lentes religiosas. Isso é muito importante de se entender,” disse Lambert.

Ao mesmo tempo, os dados mostram que as empresas que têm níveis mais altos de acomodações religiosas, também têm maior recrutamento, retenção e inovação, que são os principais indicadores de sucesso, disse Lambert.

Em relação ao desempenho do funcionário e à capacidade de trazer o “eu completo” e autêntico para o local de trabalho, muitos indivíduos e empresas entendem isso em torno de questões de gênero, orientação sexual e raça. “Existem iniciativas maravilhosas no mundo dos negócios para ajudarem as pessoas a se sentirem mais autenticamente quem são, para que possam contribuir plenamente, para que possam atingir todo o seu potencial.”

No entanto, muitos não estão acostumados a incluírem fé e crença nessas iniciativas e discussões, em um ambiente profissional. “Mas precisamos mudar isso”, disse Lambert. “Precisamos adicionar isso à nossa discussão sobre diversidade e sobre DEI (diversidade, equidade e inclusão).”

Estratégia de se “levantar todos os barcos”

Algumas empresas temem que ao fazerem adaptações religiosas, tenham um efeito inverso nos compromissos e acomodações em torno de gênero ou orientação sexual. Os dados, no entanto, sugerem o contrário.

“Na verdade, existe uma estratégia de se ‘levantar todos os barcos’ [ou, melhorar a vida de todos] de que, quanto mais altos forem os níveis de acomodação religiosa que temos, maior a probabilidade de se alcançar níveis mais altos de acomodação em outras áreas.”

Lambert disse que sua experiência em consultoria de empresas mostrou a mesma coisa. “Quando eles se inclinam para essas diferentes áreas de acomodação, na verdade, todas as áreas se beneficiam porque os princípios em jogo não são isolados”, explicou. “Se eu aprender a ser receptivo a uma pessoa de fé, estou inerentemente aprendendo os princípios que me permitirão ser útil ou receptivo a alguém de um gênero ou raça diferente.”

Esses princípios simplesmente tornam a empresa um lugar melhor para se trabalhar, disse Lambert.

O McKinsey Health Institute [Instituto de Saúde McKinsey] publicou recentemente um estudo sobre a saúde dos funcionários. Muitas empresas pensam em termos de saúde física. “Mas existem diferentes níveis para a saúde”, observou Lambert. No estudo do McKinsey, a maioria dos trabalhadores pesquisados listou a saúde espiritual e social como extremamente ou muito importante.

As empresas querem trabalhadores saudáveis porque, “se você tem trabalhadores saudáveis, eles estão focados no trabalho. Se você tem trabalhadores debilitados, eles estão focados em sua saúde.”

A saúde geral de um funcionário inclui saúde física, mental, social e espiritual, disse Lambert. “Se não estivermos espiritualmente saudáveis, não estamos prontos, ou não somos capazes de contribuirmos plenamente.”

As empresas realmente se importam?

Lambert compartilhou exemplos de várias empresas da Fortune 500 que estão investindo em religião e acomodações religiosas para seus funcionários. Em cada caso, os CEOs ou donos de empresas não estão tentando promover a religião. “É um caso de negócios”, disse Lambert, onde eles reconhecem o papel que a religião desempenha na vida dos funcionários.

Uma empresa proeminente começou a criar redes interreligioso, ou IBNs [Interbelief Networks], onde pessoas de diferentes comunidades religiosas poderiam se reunir. Os funcionários relataram como estas redes foram úteis para entenderem de onde vinham os colegas de equipe e o que os motivou, o que os ajudou a se tornarem uma equipe melhor.

Ninguém disse que estas plataformas eram úteis para se fazer proselitismo ou garantir que todos concordassem, apontou Lambert. “Não se trata de ‘estou certo, você está errado’. Trata-se de entender, construir confiança e desenvolver capacidades para que possam trabalhar melhor, em direção ao objetivo comum que têm como empresa.”

Funcionários que participaram das redes interreligioso também relataram que foi divertido e emocionante. “Você se sente bem quando algo que é tão importante para você é celebrado e dizem: ‘Tudo bem se você viver assim aqui.’”

Ferramentas para o local de trabalho

Lambert desafiou os futuros profissionais a estarem preparados para comunicarem sobre religião no ambiente de trabalho. “Articule por que é importante para você e todos os seus colegas de várias fés e crenças diferentes, por que é importante para todos vocês serem capazes de viverem sua fé no trabalho e por que é importante para a empresa fazer isso.”

Em seguida, Lambert desafiou seus ouvintes a pensarem e articularem para si mesmos, por que sua fé os torna um profissional melhor. “Anotem. Isto os ajudará. Vocês precisam entender por que sua fé está contribuindo para o seu potencial como profissional. … Estas serão duas ferramentas muito valiosas para vocês, à medida que seguirem em frente.

Lambert então perguntou: “O que vocês farão a partir de hoje para criarem um ambiente mais acolhedor para vocês e para aqueles com quem trabalham?”

Comecem a praticar agora. Conversem com um colega de quarto sobre como é ser cristão ou membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. “Não seria ótimo se eu dissesse ao [meu colega de quarto]: ‘Estou interessado em entender sua experiência como cristão, para que eu possa compreender, acomodá-lo e conhecê-lo melhor.’ … Vocês aprenderão coisas incríveis,” Lambert prometeu. “Vocês aprenderão que existe uma grande diversidade, mesmo entre os membros da Igreja.”

Transformando o mundo

Ao longo dos anos, Lambert disse que ficou perturbado com as contendas e divisões que surgem entre as pessoas que discordam umas das outras.

Ao obter seu mestrado e doutorado, e seguir sua carreira como analista de negócios, Lambert percebeu que o local de trabalho é um ótimo meio para se praticar a civilidade e a tolerância tão necessárias na sociedade atual.

Por quê? Primeiro, em vez das casas, igrejas ou comunidades das pessoas, seus locais de trabalho provavelmente são os lugares mais diversos que eles encontrarão com regularidade em sua vida, com “muitos pontos de vista diferentes, muitas ideias diferentes, muitas reivindicações de verdade diferentes.”

Em segundo lugar, é onde as pessoas passam muito tempo. E terceiro, os funcionários de um local de trabalho estão todos trabalhando em direção a um objetivo ou propósito comum. Eles têm um produto que precisam criar ou um serviço que precisam fornecer e precisam “descobrir.”

“Minha grande ideia era, se pudéssemos experimentar os benefícios do pluralismo religioso e da liberdade religiosa nos lugares mais diversos, onde passamos tanto tempo uns com os outros, se pudéssemos experimentar esses benefícios e entendermos como eles agregam valor à nossa vida, com certeza os levaremos para fora do local de trabalho, para nossas comunidades, nossos estados, nossa nação e o mundo”, disse Lambert. “Acredito que podemos mudar o mundo.”

Lambert contou que conversou com um engenheiro judeu ortodoxo. Certa manhã, no trabalho, enquanto fazia suas orações matinais, este homem encontrou um de seus colegas muçulmanos também fazendo suas orações matinais. O homem pensou consigo mesmo: “Onde mais no mundo posso ir e estar ao lado do meu colega muçulmano, que está orando a seu Deus, e eu estou orando ao meu, e somos colegas e somos amigos e podemos fazer isto e está tudo bem?”

Isto ocorreu em uma empresa, observou Lambert. “É aí que é podemos chegar se aplicarmos estes tipos de princípios.”

NEWSLETTER
Receba destaques do Church News entregues semanalmente na sua caixa de entrada grátis. Digite seu endereço de e-mail abaixo.